sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Colocando fim na hérnia de disco


Andar ereto e equilibrando-se em duas pernas sempre representou um desafio para a espécie humana. E um sinal de que essa herança evolutiva continua a causar reações no corpo humano são as dores nas costas que muitos sentem, motivadas seja por problemas posturais, atividades físicas forçadas, trabalho pesado, sedentarismo ou até fatores genéticos. A coluna é quem mais sofre com tudo isso! Segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% da população mundial poderão ter pelo menos um episódio de dor nas costas ao longo da vida.
Das doenças da coluna, a hérnia de disco preocupa muita gente, chegando até mesmo a causar prejuízos financeiros, já que causa muita dor, incômodo e até mesmo perda dos movimentos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a hérnia de disco acomete cerca de cinco milhões de brasileiros e é a segunda maior causa de afastamento do trabalho, ficando atrás apenas das doenças cardíacas.
O especialista em doenças da coluna, ortopedista Julimar Nogueira, explica ser a hérnia de disco uma situação que ocorre com em boa parte da população e, segundo ele, a hérnia nada mais é do que a evolução do desgaste natural dos discos vertebrais, aquelas estruturas entre um osso e outro.
"Os discos servem para absorver e distribuir cargas. O que acontece é que ao longo dos anos essa estrutura vai se desgastando, como tudo em nós. Em algumas pessoas esse desgaste causa uma ruptura, rasga, e sai um conteúdo para fora do disco. Isso é chamado hérnia de disco. Mas tem características extremamente benignas", diz Julimar Nogueira, que é presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no Rio Grande do Norte.

O especialista comenta ainda que a hérnia de disco virou uma vilã porque, ao longo dos anos, quando começaram as primeiras cirurgias de coluna, conhecia-se muito sobre hérnia de disco e sabia-se pouco tratá-la. As experiências eram muito ruins. Hoje tem esse inconsciente coletivo. "Mas é exatamente o contrário. A hérnia de disco é um dos diagnósticos mais simples e mais tranqüilos."
Existem diversas formas de tratar a hérnia de disco, entre elas a cirurgia - sendo necessária apenas em cerca de 5% dos casos. Entre os métodos não-invasivos, destaca-se a Reconstrução Músculo-Articular (RMA).

Cirurgia de hérnia de disco só é feita em último caso

O tratamento da hérnia de disco é eminentemente clínico, não cirúrgico. A cirurgia é uma exceção, como afirma o especialista em doenças da coluna, Julimar Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no RN (SBOT/RN). Quando um paciente chega ao seu consultório com esse quadro, inclusive com dores, ele esclarece que o primeiro passo é tratá-lo da forma tradicional/conservadora: acupuntura, fisioterapia, hidroterapia. "Tudo o que a gente puder fazer de analgesia, associada a medicamentos."

Se todas essas tentativas de reverter o quadro falharem, parte-se para outras manobras, como os bloqueios analgésicos - colocação de medicamento diretamente na hérnia, guiado por raio-x. De acordo com Julimar Nogueira, 70% dos pacientes melhoram.

Uma pessoa pode ter mais de uma hérnia e de diferentes tamanhos. A dor se manifesta quando o achatamento do disco intervertebral libera um líquido interno que toca a raiz nervosa da coluna. Há a possibilidade de a dor ser irradiada para a extensão da perna, podendo chegar até ao pé.
"Se você é submetido a esses procedimentos e você melhora muito a sua dor, significa que você tem conteúdo mais inflamatório do que mecânico. E você se livra de uma cirurgia", comenta o especialista, explicando ainda que a cirurgia melhora de imediato, mas ao longo dos anos o resultado é exatamente igual ao de quem foi submetido aos tratamentos conservadores.
O fisioterapeuta Emanuel Eliezer, especializado em osteopatia, diz receber muitos pacientes jovens em seu consultório. São pessoas na faixa dos 30 e 40 anos, economicamente ativas, em plena atividade profissional, mas que são obrigadas a parar devido ao problema, contabilizando sérios prejuízos financeiros. O osteopata entra em ação após o paciente ser submetido à fisioterapia convencional e obter resultados positivos. "Depois que o paciente passa dessa fase, quando já tem uma mobilidade maior, podem ser utilizados alguns métodos que podem melhorar a correção da hérnia. Por exemplo, a osteopatia, um dos melhores para esse fim", comenta Emanuel.

A osteopatia, explica ele, analisa o paciente de forma global, tratando primeiro a causa para depois tratar as consequências, quase sempre a dor. "Nós verificamos quais são as articulações que estão com problema de injúria e com a manipulação, corrige, reposiciona essa articulação, esses ossos, e tende a deixar a biomecânica favorável", diz ele. "Quando é feito isso, o paciente já vai referir uma enorme melhora, e bem rápido. Isso, com uma ou duas sessões ele já tem um ganho de amplitude de movimento, de diminuição de dor, consegue fazer suas atividades diárias com mais facilidade. Então, ele tem uma qualidade de vida melhorada em curto espaço de tempo."
Após a osteopatia, o paciente é encaminhado para um trabalho de reeducação postural, incluindo aulas de pilates, RPG, hidroginástica e até mesmo fortalecimento muscular em academias.

A fisioterapeuta Alini Brito trata a hérnia de disco com a técnica de Reconstrução Músculo-Articular (RMA), que considera "revolucionária" e garante 87% de cura aos pacientes, com comprovação científica no Brasil e nos estados Unidos. A técnica é utilizada em apenas 32 clínicas no País. Trata-se de um programa fisioterapêutico que utiliza recursos de fisioterapia manual, e equipamentos como mesa de tração eletrônica e descompressão mecânica, estabilização vertebral e exercícios de pilates ou musculação. O objetivo da técnica é melhorar o grau de mobilidade dos músculos e a articulação das vértebras da coluna, diminuindo a compressão delas sobre o disco e fortalecendo os músculos e a postura da coluna vertebral por meio de exercícios terapêuticos.

"Em apenas dois meses de sessões o paciente se vê livre das dores que o incomodam. O melhor desse programa é que ele não submete o paciente a uma mesa cirúrgica e, em pouco tempo, as dores somem de vez", garante Alini.

Entrevista

Tribuna do Norte - O que é Reconstrução Músculo-Articular da coluna vertebral (RMA) e qual a vantagem em relação a outras técnicas?

Alini Brito - É um programa de tratamento que apresenta início, meio e fim, associado a técnicas comprovadamente eficazes. Estudos comprovam que há 87% de melhoras dos pacientes, assim se torna o melhor tratamento para hérnia de disco e outras patologias da coluna. O programa de tratamento apresenta quatro etapas distintas, começando pela aplicação da fisioterapia manual, com o objetivo imediato de diminuir a dor e o espasmo muscular. Em seguida , o paciente é tratado em duas mesas, importadas do Estados Unidos, uma de tração eletrônica e outra de flexão e descompressão, o que possibilita a diminuição da pressão intra-disco, o alívio da dor, o aumento do espaço entre as vértebras e da circulação na área da lesão, hidratação, nutrição do disco intervertebral, e alongamento da musculatura profunda. Na terceira etapa, são usadas técnicas e equipamentos de estabilização vertebral, para fortalecer os músculos profundos da coluna e melhorar a estabilização.

O tratamento é realizado em quanto tempo?

Leva de dois a três meses. Primeiro o paciente faz uma avaliação, e daí vemos se ele tem indicação para o tratamento. O programa tem, em média, vinte e duas aplicações, mas cada caso tem suas particularidades. Então, essas aplicações podem variar um pouco.

Em quais casos a RMA é indicada?

As principais indicações são protusões discais, que podem gerar tanta dor quanto uma hérnia de disco, espondilólise (anteriorização das vértebras com uma pequena fratura), espondilolistese (anteriorização das vértebras), whiplash, síndrome do chicote (que normalmente acontecem em batidas de carros), estenose, compressão da medula; e ainda dor ciática, dor lombar, dor cervical, degeneração discal, instabilidade vertebral, entre outras indicações.

Há contra-indicações?
Nós não indicamos essa técnica em casos de osteoporose avançada, pois corre o risco de fraturas. Os pacientes com déficit cognitivo também não poderão fazer o tratamento, além de pessoas com metástase óssea e alterações degenerativas graves.

Depoimento

Quando começou a sentir dores fortes na coluna, o empresário Gláuber Nóbrega diz não ter passado por sua cabeça a possibilidade de ser hérnia de disco. "Até para urinar era difícil, pois doía demais. Cheguei a tomar morfina. Pensei em problema nos rins, mas quando fiquei curvado e não consegui andar, fiz uma ressonância magnética e apontou o pior tipo de hérnia de disco, a extrusa L5-S1", comenta.

Gláuber diz ter sentido muito medo, pois sabe de casos de pessoas que ficaram tetraplégicas devido à hérnia de disco. As dores continuaram, sendo amenizadas um pouco depois de sessões de acupuntura. Mas a solução só viria após conhecer o Instituto de Tratamento da Coluna Cervical e se submeter a exercícios terapêuticos, além de RPG e pilates.
"Fiz o tratamento durante um ano. Depois fiz outra ressonância e foi constatado que a hérnia diminuiu, passou do tamanho de uma azeitona para o de um caroço feijão. Hoje ando, caminho, subo escadas, pego peso, mas ainda tenho uma certa sensibilidade no local", relata.

A hérnia de disco mudou a vida de Gláuber, que praticamente abandonou sua empresa e teve até mesmo que comprar um carro automático, sem embreagem. Ele atribui as causas de seu problema ao estresse, a postura errada e falta de exercícios regulares.

Por Isaac Ribeiro

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