sábado, 10 de setembro de 2011

Aprendendo a viver


Texto do meu livro Aprendendo a viver. 4ª ed. São Paulo: Paulinas, 2008, p.81-83.


É importante procurar encontrar o sentido atual para a vida, o sentido do momento presente, encontrar o que dá significado ao nosso viver hoje.

Procuraremos fazer foco em atividades significativas. Esse foco pode mudar. Encontrar um sentido fundamental muda de pessoa para pessoa, de uma etapa para outra, mas é o que significa o viver, o que harmoniza nossa vida, que lhe confere uma nova dimensão.

Estaremos atentos para rever esse foco, essas atividades, esse sentido, para não ficar repetindo gestos vazios, fugas permanentes ou perda de novas descobertas.

O que é mais importante para nós hoje? Vamos defini-lo e seguir em frente e mais tarde reavaliaremos esse foco com simplicidade e honestidade.

A vida vai se revelando aos poucos, nas nossas inúmeras tentativas de entendê-la de experimentar caminhos, de estabelecer contatos, atividades. Cada coisa que fazemos, cada pessoa que conhecemos, cada leitura que nos chama a atenção traz contribuições para ampliar algum aspecto do nosso cotidiano e nos impulsiona a reavaliar algumas das nossas dimensões.

Esse é o lado fascinante e problemático do viver. Aprendemos de uma forma e, quando pensamos que “agora já sabemos”, temos de mudar, enxergamos novas perspectivas. Isso nos decepciona e ao mesmo tempo nos estimula.

Viver é estar sempre em permanente estado de construção, de readaptação, de aprendizado. Às vezes é doloroso, porque nos sentimos inseguros, perdido, vagando sem rumo.

Um pouco mais adiante encontramos novamente o significado do que estava solto, disperso, perdido. Pensamos: agora sim estamos nos trilhos, e mais tarde descobrimos que há novos ajustes a fazer, novas perdas de sentido e novas readaptações e ressignificações.

O curioso é que cada pessoa realiza este processo de um jeito, dentro da sua história pessoal, da sua própria complexidade. Por isso é tão importante aprender a viver e termos pessoas que nos ajudem a aprender a organizar melhor a nossa vida.

Vale a pena viver no ritmo das nossas descobertas, sem sofreguidão, impaciência ou ingenuidade, mas também enfrentando os medos, atentos a tudo, aprofundando a percepção do que nos é possível, desvendando novos níveis de compreensão de tudo o que vemos, ouvimos, sentimos, desejamos, amamos.

Aprender a confiar que tudo tem um sentido para a nossa construção como pessoas, que há um universo enigmático, muito superior à nossa capacidade de compreensão; que há muitas interferências que estão além da nossa imediata percepção, que muitos eventos, pessoas, situações podem contribuir para a ampliação do nosso conhecimento, para a nossa humanização.

Tentaremos aprender a desvendar uma parte deste nosso universo tão cheio de mistérios. Estaremos atentos a interpretar os sinais que mostram novos níveis de significação, com equilíbrio, sem acreditar ingenuamente em qualquer explicação ou pessoa, sempre abertos a novas revelações.
 
Podemos transformar a nossa vida em um paciente, emocionante e confiante processo de aprendizagem. Aprender a aceitar-nos plenamente como somos, sem mentir, sem procurar pretextos, sem buscar culpados. Ao aceitar-nos, começamos a mudar nossa vida.

Procurar fazer o melhor que sabemos em cada momento, sem cobranças negativas, sem expectativas irreais, sem pressões insuportáveis.

Viver no presente, no ritmo possível, no tempo possível, nas formas possíveis.
Vivemos melhor quando procuramos integrar tudo, relacionar tudo, com confiança e com humildade. Com a confiança de que podemos ir muito além de onde estamos, de que podemos realizar-nos em todas as dimensões da vida.

Com humildade, cientes de que somos frágeis, de que pouco conhecemos realmente, de que há uma margem enorme do imponderável, de situações "inexplicáveis", de encontros imprevistos. De que dependemos de muitas ajudas também para ir adiante. Se equilibramos a incerteza e a confiança encontraremos nossos melhores caminhos.

Viver é escolher e renunciar, avaliar e, ao mesmo tempo, reconhecer que nunca temos a certeza das decisões, porque não sabemos o que aconteceria com as outras escolhas que deixamos de lado.

Só mudaremos a sociedade, mudando as relações pessoais, interpessoais, comunitárias e sociais. O mundo só terá paz efetiva quando muitas pessoas e grupos viverem formas avançadas de comunicação, de intercâmbio aberto, de informação, de apoio, de comportamento ético.

Nenhum comentário:

Postar um comentário