sábado, 10 de setembro de 2011

Diferentes formas de relacionamento


Texto do meu livro Aprendendo a viver. 4ª ed. São Paulo: Paulinas, 2008, p.50-52.

No relacionamento com os outros nos revelamos, descobrimos, aprendemos, ensinamos. Expressamos nos relacionamentos como nos vemos, o que somos, o que tememos, em que estágio estamos de desenvolvimento e realização. Encontramos todas as formas e graus de relacionamento. Uns vivem sozinhos, isolados; outros se relacionam de forma superficial, previsível, padronizada, enquanto que alguns conseguem comunicar-se de forma mais autêntica e plena. Há isolamentos produtivos e outros destrutivos.

Algumas formas de isolamento ajudam: períodos de reencontro consigo mesmo, de busca do equilíbrio, de novas sínteses. Cada pessoa tem sua forma de isolar-se. É importante que cada um encontre a forma confortável de estar consigo, de reencontrar-se, de reequilibrar-se.

Algumas experimentam formas mais ou menos graves de isolamento, de dificuldade em comunicar-se, de confiar seus sentimentos ao outro. Para essas pessoas o relacionamento é ameaçador, fruto, talvez, de experiências frustrantes prévias, de medo do fracassar, de serem traídas, de serem enganadas...
Geralmente o isolamento provoca formas de intenso reforço do imaginário, da fantasia, dos mecanismos projetivos, da comunicação virtual (comunicação por chats e outras formas que não exijam o contato físico).

Muitas pessoas desenvolvem formas de relacionamento relativamente satisfatórias, que preenchem algumas carências, dão segurança, conforto, apoio.

Algumas formas são mais superficiais, aparentes, ocasionais.

Outras avançam um pouco mais: conseguem manter um certo equilíbrio, se complementam em alguns pontos, mantêm uma atitude cooperativa, se revelam parcialmente, mas encontram dificuldade em vivenciar formas mais ricas de troca, de confiança, de conhecimento. 

A sociedade nos padroniza, abaixa nossas expectativas, nos mediocriza, nos induz a contentar-nos com pouco, com a exterioridade, com as aparências, com a superficialidade das coisas. Na sociedade é mais importante parecer do que ser, fingir do que mostrar-se verdadeiramente. Muitos relacionamentos são mais aparentes do que reais, mais superficiais do que profundos, mais acomodados do que criativos. Se o outro nos incomoda é sinal de que mexe em questões mal resolvidas dentro de nós. Culpar o outro pelo fracasso, pelos nossos problemas é a saída mais fácil e inútil. O outro pode contribuir, sem dúvida, para a deterioração do relacionamento. A questão é por que nós continuamos em relacionamentos problemáticos ou por que determinadas situações nos afetam tanto.O relacionamento entre duas pessoas pode ser o caminho para a realização mais plena ou para uma das maiores formas de tortura já inventadas até hoje. 

Todos temos muitas possibilidades que deixamos de lado. Acreditamos que não vale a pena ir além, que a "vida é assim mesmo", que o normal é isso, que já sabemos o suficiente para continuar agindo.

É importante aprender a quebrar as rotinas, os padrões, para buscar novas dimensões, desafios, percepções. 

Algumas pessoas - é difícil precisar o seu número, mas certamente não são a maioria - conseguem desenvolver relacionamentos profundos, duradouros, de crescimento na compreensão, conhecimento e intercâmbio em níveis cada vez mais ricos, que integram o sensorial, o intelectual, o emocional e o transcendental. É um relacionamento maduro, de pessoas em processo de tornar-se mais e mais livres e que realizam trocas mais avançadas baseadas na comunicação confiante e autêntica.

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